ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA

Para elucidar debates que estava fazendo com uma turma do Ensino Médio acerca da concentração de terras no Brasil realizei essa dinâmica interessante. Lembro do professor Bernardo Mançano ter comentado sobre ela uma vez numa aula.

A dinâmica consiste em representar o Brasil dentro da sala de aula através de um grande quadrado no chão. Dentro desse grande quadrado fiz marcações referentes às áreas ocupadas pelas pequenas, médias e grandes propriedades rurais do país. E, por fim, pedi para que parcelas da turma ocupassem essas marcações de acordo com os percentuais correspondentes aos tamanhos das propriedades: as pequenas propriedades (mais numerosas) ocupando a menor marcação; as médias propriedades ocupando o quadrado intermediário; e as grandes propriedades (muito menos numerosas) ocupando a maior marcação.

Ao final da dinâmica a turma pôde se dar conta da dimensão de desigualdade que o Brasil possui no tocante à má distribuição de terras, em que pouquíssimas pessoas dominam a maior parte das terras e a maior parte da população rural ocupa uma parcela infinitamente menor. É uma maneira interessante de introduzir a discussão sobre a necessidade de uma reforma agrária efetiva no Brasil.

Fiz as marcações no chão utilizando fita adesiva crepe marrom. Porém, também é possível fazer as marcações com outro material que esteja disponível na escola, como o giz.

DESIGUALDADES DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL NO BRASIL

Aproveitei que estava trabalhando o conteúdo de Indústria no Brasil e resolvi tentar fazer uma aula mais dinâmica com a turma. Nesse caso, pesquisei dados sobre a produção industrial brasileira para servir de base para o debate. A partir daí encontrei o site Perfil da Indústria nos Estados (citado na parte de Materiais do site), o qual é disponibilizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O site em questão apresenta diversos dados sobre a produção industrial no país em todos os estados inseridos em território nacional.

Após verificar os dados existentes no Perfil da Indústria nos Estados sorteei um estado para cada pessoa da turma (alguns estados ficaram com duplas). Pedi para a turma coletar os dados (atualizados) presentes na ficha exposta ao lado no site. Dessa forma, teríamos um panorama da produção industrial existente em cada estado brasileiro.

Durante a aula elaborei no quadro marcações com algumas características da ficha, como PIB industrial, principais setores industriais e escolaridade e salário médio na indústria. Todas essas características para todos os estados do país. A partir daí fui pedindo para a turma ir me repassando as informações para por no quadro de acordo com os estados. Optei por ir preenchendo os dados dos estados intercalando entre as respectivas regiões em que estão inseridos.

A cada estado apresentado era possível comparar as informações com os demais estados. Foi interessante perceber como é desigual a produção industrial brasileira, em que poucos estados concentram a maior parte da atividade do setor e a maioria dos estados possuem uma produção industrial tímida.

Ao final da dinâmica tivemos um panorama geral de como está a indústria brasileira na atualidade. Foi uma forma de elucidar o quanto o Brasil ainda precisa avançar em termos de produção industrial em comparação com outros países.

Como atividade auxiliar ainda solicitei à turma que elaborasse uma redação em que fossem apresentadas medidas para tentar superar a desigualdade na produção industrial entre os estados brasileiros.

RELAÇÕES GEOPOLÍTICAS

Essa dinâmica foi uma das mais legais que realizei com a turma do primeiro ano do Ensino Médio. Na realidade ela também se constituiu enquanto uma avaliação sobre os conteúdos de Geopolítica. Como eu notei que a turma passou a interagir mais nas aulas sobre Geopolítica resolvi pensar em uma atividade que os e as estudantes pudessem expressar a aprendizagem de uma maneira que não fosse com prova ou seminário. Surgiu então a ideia de simular uma espécie de reunião entre os países na temática comercial (um pouco na pegada do modelo ONU).

Pedi então para a turma se organizar em grupos de três ou quatro pessoas. Após isso, sorteei dez países entre os grupos, que foram: 1 – Brasil; 2 – China; 3 – EUA; 4 – África do Sul; 5 – Cuba; 6 – Alemanha; 7 – Índia; 8 – Rússia; 9 – Irã; 10 – França. Tentei escolher os países de acordo com sua importância na Geopolítica, a distribuição entre continentes e os interesses antagônicos. Para tentar ajudar a dinamizar mais o debate fiquei representando a Venezuela.

Para a preparação para o debate pedi para cada grupo estudar as seguintes características do seu respectivo país: a) população, b) economia, c) regime político, d) histórico bélico, e) riquezas naturais e f) relações diplomáticas. Também solicitei a elaboração de um resumo de cada países com as referidas características para fundamentar o debate.

Por fim, uma semana antes do debate apresentei o tema que iria orientar as discussões, sendo ele:


Diversos países da América Latina estão negociando a criação de um Bloco Econômico para facilitar as suas relações comerciais: a União Latina. Esse bloco será do tipo União Econômica e Monetária, em que os países membros compartilham da mesma moeda, limites de inflação, déficit público e livre circulação de pessoas, mercadorias e capitais. Ao mesmo tempo, também estão interessados em criar uma aliança militar para fortalecer seus respectivos poderios bélicos e soberania nacional. Caso esse Bloco Econômico seja criado as relações comerciais e bélicas entre diversos países do mundo serão modificadas, podendo alterar significativamente a geopolítica mundial.


Orientei que se os grupos quisessem realizar diálogos entre si antes eles poderiam, com o objetivo de realizar alianças e afins. Também dei algumas orientações de como eles poderiam se portar durante o debate; não no intuito de determinar o que eles deveriam fazer, mas de apresentar possibilidades do quê e como discutir (afinal era a primeira vez que a turma ia realizar uma dinâmica dessa natureza).

No dia do debate então organizamos as carteiras da sala em círculo e pedi para cada grupo colar um papel com o nome correspondente ao seu país. Todos os grupos compareceram e fizeram o resumo solicitado. Ao início do debate li novamente o tema que orientaria o debate e explanei rapidamente (representando a Venezuela) sobre o mesmo junto com os grupos de Brasil e Cuba.

As discussões fluíram melhor do que eu imaginei. Discussões acaloradas e qualificadas para defender os interesses do seu país. Alguns grupos se aliaram à chamada União Latina e outros formaram uma aliança própria com o intuito de minar os interesses dos países latino-americanos. Países como Rússia e China, por exemplo, foram contrários à formação do bloco econômico em virtude de temer que os países se fortaleçam e desestabilizem suas relações comerciais com as duas grandes nações. Outros, como a Índia e Africa do Sul, foram favoráveis à criação do referido bloco justamente por acreditar que isso favoreceria as relações comerciais com esses países.

Foi uma experiência muito interessante e gratificante. Os grupos se portaram de acordo com os interesses reais dos países que representaram. Podem até achar que o fato de Rússia e China terem sido contrárias à criação do bloco não iria condizer com uma situação real. Porém, dentro das discussões que foram realizadas na dinâmica o posicionamento desses países fez sentido. E lembremos que esse debate se constituía enquanto uma simulação de como ocorrem as relações geopolíticas na prática.

Indico bastante de realizar essa atividade com as turmas, seja aplicando da forma que organizei seja adaptando de acordo com as características da turma. Foi um momento importante para a formação das pessoas presentes, inclusive eu.